Segunda-feira é dia de poesia, diz Adelaide, parafraseando Lúcia Elena F. Neto, poetisa, com livros escritos e poemas premiados, autora da frase e da idéia: toda segunda-feira merece um poema.
E hoje, Adelaide, seguindo Lùcia Elena, nos oferece um grandioso poema de William Blake, A Mosca.
Assim, ela nos apresenta William Blake e o poema (traduzido e em inglês):
As visões e os poemas de William Blake [1757-1827], poeta, pintor, gravador, etc.,não pertencem apenas a um tempo de outrora, projetam-se no futuro, mergulham na mitologia pessoal de cada um de nós e buscam uma resposta para nosso existir. Não foi por acaso que o cientista Carl Sagan escolheu as 3 primeiras estrofes do poema A Mosca como epígrafe, mote mesmo, de seu romance de ficção científica Contato. Preferi, entretanto, enviar-lhe o poema completo.
Mas, voltando a Blake e, talvez, a uma pequena dose de anacronismo: que fazemos aqui nesse planetinha de um pequeno sistema solar, num recanto de galáxia quase imperceptível no universo em confronto permanente com a brevidade da vida, o efêmero, com a fragilidade de existência humana? A resposta, queria Blake,estaria dentro de nós mesmos.
O poema A Mosca (The fly) foi escrito e publicado no ano de 1795. Faz parte da coleção de poesias Cantos da experiência [Songs of experience]
Maria Adelaide
A Mosca
Pequena mosca,
com minha mão
bruta, cortei
teu jogo vão.
Não serei, mosca,
um igual teu?
Ou não és tu
homem, como eu?
Pois amo a dança,
canções, bebida,
até que a mão cega
me corta a vida.
Porque danço
e bebo, e canto
até que alguma mão cega
me arranque a asa.
Se o pensamento é vida,
fortaleza e alento;
e a ausência
de pensamento é morte;
então eu sou
uma mosca feliz,
se vivo,ou se morro.
The Fly
Little fly,
Thy summer’s play
My thoughtless hand
Has brushed away.
Am not I
A fly like thee?
Or art not thou
A man like me?
For I dance
And drink and sing,
Till some blind hand
Shall brush my wing.
If thought is life
And strength and breath,
And the want
Of thought is death,
Then am I
A happy fly,
If I live,
Or if I die.
William Blake :Songs of Experience “The Fly” (1795)
William Blake , nasceu em Londres, em novembro de 1757, e morreu em agosto de 1827, pertinho de completar 70 anos. Além de poeta, foi tipógrafo e pintor, sendo a sua pintura definida como pintura fantástica. Apesar de sua exuberante obra, mais de vinte livros escritos e ilustrados, morreu pobre, o seu funeral, muito humilde, foi pago pela pessoa que o contratou para ilustrar a Divina Comédia, de Dante Alighieri, trabalho que ele fazia já bastante debilitado quando faleceu (algumas dessas ilustrações estão no blog, no post com as notas sobre o Inferno). Outra grande obra que ele ilustrou foi O Livro de Jó, da Bíblia. Causava estranhamento às pessoas o seu trabalho, daí ele não ter sido reconhecido ainda em vida como o grande poeta e pintor que ele era.
Algumas de suas obras:
Desculpe a minha ignorância, mas quem é Maria Adelaide?
Umas dessas pinturas aparecem no filme dragão vermelho, qual a ligação?
A explicação talvez esteja no que está dito no texto:
As visões e os poemas de William Blake [1757-1827], poeta, pintor, gravador, etc.,não pertencem apenas a um tempo de outrora, projetam-se no futuro, mergulham na mitologia pessoal de cada um de nós e buscam uma resposta para nosso existir. Não foi por acaso que o cientista Carl Sagan escolheu as 3 primeiras estrofes do poema A Mosca como epígrafe, mote mesmo, de seu romance de ficção científica Contato. Preferi, entretanto, enviar-lhe o poema completo.