As luzes do porto já estão às vistas. A sensação que me invade é boa. Primeiro, porque gosto de viajar e o melhor da viagem, para mim, sempre é poder voltar ao porto seguro, lugar para me deter nas emoções da aventura vivida e lembrar cada detalhe, rever e curtir cada lugar visitado sem estar dividida pelo que ainda irei encontrar. Ou quem sabe, o desejo de voltar ao porto esteja acompanhado de um outro desejo, bem próprio do aventureiro dos mares das palavras: o de desenhar novas cartas de navegação para futuras viagens.
Viagem difícil. Marujos muito queridos tiveram que aportar por um tempo para enfrentar durezas que a vida oferece. Voltaram, deixando-nos felizes a navegar pela Espanha de Ana-Não, Ana Paúcha, Anita. Depois, quase no fim da nossa viagem, uma maruja que havia voltado teve que aportar, novamente, deixando-nos outra vez a navegar com o coração pesado. Somos pacientes. E confiantes.Na próxima viagem, qualquer dia, ela vai chegar,e por isso, o lugar dela estará sempre vago, à sua espera. Então, estaremos completos e os viageiros irão cantar a sua alegria de novo.
Cumprimos Carta de Navegação audaciosa. Viajamos pela França de Stendhal e pela Espanha de Agustin Gomez-Arcos. Muito há que se falar dessas viagens, ainda. Cacilda Portela escreveu resenha sobre O Vermelho e o Negro que será publicada nesse blog nos próximos dias. Eu e Luzia Ferrão já o havíamos feito, também. Ana-Não ainda não foi resenhada, eu tenho alguns rascunhos para concluir. Outros virão, com certeza. E na última quarta-feira fizemos a nossa confraternização, junto com os nossos companheiros de sempre, os da Arte e Psicanálise. Sobre esta parceria, Salomé, oficineira cordelista de primeira ordem, assim escreveu:
Igual e Diferente
Salomé Barros
Dois grupos, duas propostas
Dois caminhos diferentes
Ramos da mesma raiz
Porém com duas vertentes
Refletem contradição
São iguais, mas diferentes
Iguais no mesmo propósito
De promover crescimento
Para os participantes
É de fato investimento
Ninguém faz um grupo desses
Visando empobrecimento
Ambos têm os seus padrinhos
Que lhes dão sustentação
Um é Freud e Lacan
Que dão rumo à discussão
Já a Clarice Lispector
Mostra ao outro a missão
Arte e Psicanálise
É um lado da história
Se Freud tudo explica
Nada tem escapatória
E Junior na liderança
Aciona a memória
Oficina Literária
É para ser escritor
Mas tem gente que frequenta
Como franco atirador
Faz de conta que escreve
Representa feito ator
Tem escritores famosos
Já com livros publicados
Pra Academia de Letras
Esperam ser indicados
Será uma grande festa
Vocês serão convidados
Já no grupo da manhã
Nem todo mundo é artista
Confirmando o argumento
E nem psicanalista
É opinião isenta
Honesta e realista
Mais uma vez os dois grupos
Detém certa semelhança
Quem não é o que parece
No final faz aliança
E no cômputo geral
Todo mundo entra na dança
Tem ainda a mesclagem
Da mistura intergrupal
Quem participa dos dois
Tem sede conceitual
E acaba enriquecendo
Como um todo, ao final
Diferentes e iguais
Enfim pode-se afirmar
Dados da realidade
Que fazem aproximar
E hoje é dia de festa
Pra vida comemorar
Uma alegria um encontro um canto lugar,
Nessa viagem travessia! Um ano muito rico e proveitoso descobrindo novas especiarias nesses dois grupos entrançados.
Grata, merci, gracias!
Novos planos viagens, 2015 nos aguarda!
Beijos no coração.