Os Sexos

 Teresinha Ponce de Leon

 Mudam os tempos, os modos, as modas, mudam até, aparentemente, algumas diferenças essenciais entre os homens e as mulheres. Será?

Existe, desde que o mundo é mundo, uma sutil guerra fria entre os dois sexos que usam as estratégias de que dispõem para ver quem sairá vencedor.

Molière, em 1659, deu um ar de sua  graça com as “Preciosas Ridículas”… na qual criticava a condição das mulheres  por quererem participar de discussões e reuniões literárias, como as  realizadas entre os intelectuais do sexo masculino.  Até os dias de hoje, as inúmeras  piadas sobre as “louras burras” ainda chegam a provocar risos. ( Cá para nós, o que é que as louras têm, que não temos? ) Existe, isso sim,  quem confunda escassez de inteligência com ingenuidade… Enfim…

Essa introdução vem a propósito do conto de Dorothy Parker, “OS SEXOS” ,  no qual os personagens em foco  ―  um jovem casal, de quem não são ditos os nomes, mas que se deduz tratarem-se de pessoas do grupo a que nos referimos  acima ― são  dignos  representantes da guerra dos sexos. A mocinha, vestida de babados, segurava um lencinho , olhando-o  como se fosse a primeira vez que se deparava com um objeto tão encantador. O rapaz ao seu lado, pigarreou de várias formas, sem obter sucesso, e terminou por perguntar-lhe se ela aceitaria um cigarro.. Isso deu margem a uma discussão boba que, entre outras coisas, encobria a verdadeira razão do ar enfastiado da jovem. Afinal, depois de muito discutirem, ela confessou, furiosa, ter visto várias vezes o seu par “arrastando a asa” para Florence Leaming, uma das  moças que fazia sucesso entre  a maioria dos rapazes,  ignorando-a  como se  ela não estivesse lá.

No final do conto, o diálogo dos dois personagens é digno da fala dos Big Brothers. Ninguém fala sério. Ainda bem que, como foi  dito no inicio, essa é uma pequena amostra, o que é, no mínimo, consolador.

Entretanto, não se pode deixar de apreciar, brincadeiras à parte, que o conto de Dorothy Parker não deixa de ser uma lição, no mínimo irônica, sobre as complexidades das emoções humanas, sobre a política sexual  e sobre a escorregadia tensão existente nas sutilezas dos  relacionamentos  entre os sexos.

 

 

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