Tua Cura

Na penúltima quarta-feira, César Garcia nos trouxe a poesia de  Andréa Campos que ele havia conhecido na Livraria Jaqueira. Impressionado com a qualidade do seu trabalho,  comprou o livro Cantos de Amor Agreste,  de poemas de sua autoria e levou-o à Oficina para apresentação e leitura do poema a seguir:

TUA CURA

Andrea Campos

Eu sou aquela que
Te amou
Por entre as cortinas,
No lusco-fusco
De quando a madrugada termina,

Eu sou aquela que te alucina,
Doce sabor da loucura
Por quem teu sonho germina,
Num cio que não passa,
mulher tão pura:
Eu sou tua cura.

Eu sou aquela
Que incendiou teu espelho
Pariu o amor
Intenso e vermelho,

Eu sou aquela que veio antes,
Restou durante
E estará depois,

Eu sou a nunca esquecida,
A voz redimida
Do que somos nós dois,

Eu sou a que está no teu
Corpo que treme,
Eu sou tua febre,
No destino, o teu leme.

A que abarca o teu dia,
Embala teu sono,
E te tem rendido

Eu sou teu passado perdido
Tudo que poderia ter sido
E tens de volta,
Sirvo ao teu desejo remido,
Eu sou tua escolta.

Mas se o que se diz é volátil
Quando enaltecido,
Então emudeço, me calo
E a ti ofereço minha pele,
Meu mais profundo tecido,

O que sou, o que fui, o que serei
Não importa,
Entra, me prende, te esfrega, me beija,
Deixa acesa só a luz
Que nos corta,
Afoga em mim teu desespero…

Eu sou aquela que é tua,
Fecha a porta.

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