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Percurso de Uma Análise – Do Sintoma ao Sinthoma – Rolando Karothy
PROGRAMAÇÃO 2016
A paixão pelas palavras
O eu não é senhor em sua própria casa – Freud
Data de início – 17/02/2016
Período: 2016
Horário – `Quartas-feiras de 14:00 às 16:00
Local; Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise – Rua Alfredo Fernandes, 285, Casa Forte, CEP-50060-320 – Recife- PE
Contatos –Fone: 3265-5705 (Luciene). Blog: www.traco-freudiano.org/blog Email: oficinaclaricelispector@bol.com.br
A Oficina pretende em 2016 manter o foco na complexidade dos sentimentos humanos. Ela deverá possibilitar aos seus participantes viagens através da poesia, compartilhamentos de obras literárias e exercícios de desbloqueio criativo para desenvolver habilidade na escrita. Também serão realizadas leituras críticas de contos clássicos, com especial atenção para as entrelinhas e silêncios narrativos, visando potencializar o crítico literário inerente a cada um. Os participantes poderão participar da construção coletiva de um romance iniciado em 2015, como autor ou crítico.
Mais especifidades:
- · Contato com a linguagem poética através da leitura de poesia;
- · Compartilhamento de obras literárias sob a forma de empréstimo;
- · Estímulo ao fazer literário diferente, fugindo do convencional, da mesmice;
- · Descobrir habilidades na escrita;
- · Facilitar a expressão na escrita;
- · Fortalecer o estilo próprio de escrita;
- ·Exercícios intensos de escrita criativa a partir de linhas de história, jogos de palavras, associações livres, releituras de narrativas clássicas, mudanças de ponto de vista, alterações de cenário, tempos de narrativas, diálogos;
- · Leituras críticas, desconstruindo histórias aparentes, possibilitando a reconstrução a partir dos não ditos, das metáforas;
- Fortalecimento do senso crítico a partir da leitura particular e dos instrumentos de análise literária;
- Participar como crítico ou autor da construção coletiva do romance iniciado em 2015;
- Postagens no blog da Oficina da produção dos participantes.
Como vai funcionar:
Trabalhos em grupo e individual de escrita, utilizando papel e caneta, computador ou tablet. Leituras de poemas e contos no computador, tablet, celular ou impressos.
Possíveis participantes:
Interessados em desbloquear a escrita, viajar pelas emoções através da Literatura, do mistério e deslizamento das palavras formando novos sentidos; potenciais escritores e críticos literários movidos pelo desejo de escrever e ler.
Bibliografia:
Carmelo, Luís .Manual de Escrita Criativa – V.II – Portugal,2007
D’Onofrio, Salvatore – Forma e Sentido do Texto Literário – Atica, São Paulo, 2007
Goldberg, Natalie – Escrevendo com a Alma – Martins Fontes, São Paulo, 2008
Kohan, Silvia Adela – Os Segredos da Criatividade – Gutenberg, São Paulo, 2009
Lodge, David.A Arte d a Ficção- L&PM, Porto Alegre, 2009
Llosa, Mario Vargas – Cartas a um Jovem Escritor
Moisés, Massaud– A criação Literária –Cultrix, São Paulo
Prose, Francine – Para ler como um escritor,
Wood, James. Como Funciona a Ficção – COSACNAIFY,São Paulo, 2011
Sugestões de bibliografia para Contos:
Casares, Adolfo Bioy, Gomes, Jorge Luis -e Silvina – Antologia da Literatura Fantástica, COSACNAIFY, São Paulo.
Costa, Flávio Moreira – Os Melhores Contos de Loucura – Ediouro, 2007
Os 100 Melhores Contos de Humor da Literatura Universal, Ediouro, 2001
Os 100 Melhores Contos de Erotismo da Literatura Universal, Ediouro
Os Melhores Contos da América Latina, Agir, 2008
Gomide, Bruno Barreto (Org.) – Nova Antologia do Conto Russo (1792-1998), Ed.34, São Paulo.
Mansfield, Katherine – K. Mansfield, COSACNAIFY, São Paulo
Poe, Edgar Allan – Contos de Imaginação e Mistério, Tordesilhas, 2012
Renner, Rolf G e Backes, Marcelo – Escombros e Caprichos – O Melhor do Conto Alemão no Século 20
Wilde, Oscar – As Obras Primas – Ediouro, 2000
Woolf, Virgínia – V. Woolf, COSACNAIFY, Sâo Paulo
Coordenação:
Lourdes Rodrigues publicou dois livros de contos: Bandeiras Dilaceradas e Situação-Limite pela Bagaço.Participou de algumas Antologias de Contos da UBE, de Benito Araújo e da Oficina de Raimundo Carrero, da qual fez parte por mais de 10 anos. Organizou e prefaciou o livro Escrituras, publicação que contemplou os textos literários dos participantes da Oficina relativos ao período 2006/2009. Organizou, prefaciou e participou com contos e ensaio de Escrituras II, que abrangeu os trabalhos literários dos oficineiros de 2010 a 2013. Coautora de A Criação Literária à Luz do livro Incidentes em um Ano Bissexto de Luiz-Olintho Telles da Silva. Outra importante área de seu interesse sempre foi a Psicanálise, tornando-se membro do Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise em 2003, onde participa de estudos de Arte e Psicanálise e de Literatura. Desde 2006 coordena no Traço a Oficina de Criação Literária Clarice Lispector, primeiro dividindo o leme com outros colegas viageiros dos mares das palavras, depois num trabalho coletivo com os seus integrantes. Decorrente desse vínculo com o Traço foi coautora do livro rodopiano e publicou vários ensaios na Revista Veredas, participando há dois anos do conselho editorial da Revista.
Lançamento Revista Veredas
Perde-se o mais bravo guerreiro pelo direito de sonhar: Eduardo Galeano
Dois vídeos que falam bem desse utopista, grande e maravilhoso sonhador, Eduardo Galeano: O direito de sonhar e Sangue Latino.
https://youtu.be/m-pgHlB8QdQ
https://youtu.be/w8rOUoc_xKc
Viagem pelo Sentir
Viageiros e viageiras,
após breve e agradável remanso em terra firme é tempo de embarcar e içar as velas. Lancemo-nos ao mar que os ventos são favoráveis, o mar convidativo. Se a disposição dos navegantes estiver inspirada no sentir tudo de todas as maneiras, como bem diz o poeta Fernando Pessoa, teremos mais uma grande viagem para anotar em nosso diário, porque esta é a maior de todas as inspirações:
*A Melhor Maneira de Viajar é Sentir
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d’Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.
*Trecho do livro Poemas, de Álvaro de Campos,
Heterónimo de Fernando Pessoa
Se as condições atmosféricas são atraentes, se os navegadores estão movidos pelo desejo de sentir, urge abrirmos a carta de navegação para 2015, cujo desenho não tem a rigidez dos icebergs, mas a flexibilidade das velas sob o humor dos ventos. Assim, se preciso for, outra rota será construída e a nau seguirá em frente em busca de novos sentimentos. Para isso, já temos outra carta em discussão, além daquela que primeiro apontaremos o leme. E parafraseando o poeta português que ora nos inspira: A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.
CARTA DE NAVEGAÇÃO
Leituras:
Os Mortos – James Joyce – A primeira leitura.
Para os que ainda não leram James Joyce é um bom início. Alguns dos nossos viageiros já tiveram oportunidade de ler obras bem mais complexas do autor, tais como Ulisses (tradução de Antônio Houaiss) e Finnegans Wake (pelo menos o primeiro volume, na tradução Donaldo Schuler) aqui mesmo no Traço, em outros grupos de estudos. Eu confesso que participei dos dois grupos e adorei a leitura de Ulisses, tanto que reli várias vezes longos trechos do livro para fazer o ensaio Quem tem medo de James Joyce?ou enjoyceando os diários de Virgínia Woolf. Entretanto, não consegui sequer ler o primeiro volume de Finnegans Wake, embora goste de leituras complexas, herméticas, não me atraiu o suficiente para enfrentar a árdua tarefa que teria à frente.
Os Mortos é um conto do livro Dublinenses que conta a visita de Gabriel Conroy às tias solteironas, professoras de música, que o consideram o sobrinho mais querido. Na volta para o hotel, o personagem tem uma revelação sobre o passado da sua esposa Gretta. A sua reação a tal revelação é o elemento dramático do conto. Trata-se de um texto literariamente consagrado da obra do autor.
Os Mortos, James Joyce, Grua Livros, 1ª Ed, São Paulo, 2014, tradução Eduardo Marks de Marques
A Lição do Mestre – Henry James.
Há muito desejávamos ler alguma obra de Henry James na Oficina. Agora, chegou a hora. Lição de Mestre é uma história bem estruturada, ambígua. São dois personagens fortes o velho escritor George e o seu discípulo, o jovem romancista Paul Overt. Narrada na terceira pessoa, sob o ponto de vista de Paul Overt, trata da incompatibilidade da vida literária relevante com o casamento. Segundo George, a única preocupação do artista literário deve ser com o “absoluto”, visto que nada meramente relativo interessa. Nesse sentido, as esposas podem representar uma “curva perigosa”, pois um escritor que se poupa não constitui nem sustenta uma família. Esta é a lição que ele passa para o seu discípulo que a segue, afastando-se da sua amada. Mas, o leitor ficará surpreso com o desfecho desse aconselhamento. A vida literária londrina também é passada a limpo pelo autor.
A Lição do Mestre, Henry James, Grua Livros, 1ªed. São Paulo, 2014, tradução Paulo Henriques Brito
Este romance, publicado em 1928, foi um marco no modo de fazer literatura, pela sua proposta radical, de certo modo, antiliterária. André Breton, seu autor, líder do movimento surrealista, movimento de vanguarda que visava, através da exploração do inconsciente, dissolver as barreiras entre arte e vida. Diz-se que é antiliterária porque ele utiliza 47 fotos num pressuposto de que elas darão ao leitor, toda a descrição necessária à compreensão da narrativa. Mas, as fotografias vão além das descrições, pois as imagens para os surrealistas possuem papel preponderante, não foi à toa que muitos pintores famosos já na época aderiram ao movimento, como é o caso de Salvador Dali.
Trata-se de uma história de amor, cheia de mistérios, incertezas. Breton usa o romance para atacar o capitalismo que, segundo ele, impede o sonho como potência subversiva e promove a alienação em massa, criando um sistema de aviltamento a que submete à maioria das pessoas.
Surpreendentemente, no início do romance o personagem se pergunta, Quem sou eu? Em seguida, pergunta a misteriosa Nadja: Quem é você? Eu sou a alma errante.
Nadja não está disponível à venda nas livrarias. Assim, vamos ter de apelar para à biblioteca virtual para consegui-lo.
LEITURAS COMPLEMENTARES OU ALTERNATIVAS
Crime e Castigo ou Irmãos Karamazov – Dostoievski.
Ainda não definimos o que vamos ler de Dostoievski. Alguns preferem Os Irmãos Karamazov, outros, Crime e Castigo.
Teremos muito tempo para discutir e chegar à melhor opção para o momento da Oficina. Ambas são obras grandiosas,clássicos da Literatura, qualquer escolha vai resultar em ganho e perda, não temos dúvida.Alguns viageiros, já leram as duas obras, eu e Júnior, por exemplo, outros, apenas uma delas, alguns ainda não tiveram essa oportunidade. Mesmo para os que as leram essa leitura coletiva trará uma outra visão literária, sem contar que a memória já não dá conta do que foi lido tantos anos atrás.
Os Irmãos Karamazóv – Em verdade, em verdade vos digo que, se o grão de trigo que cai na terra não morrer, fica infecundo; mas, se morrer, produz muito fruto. São João, Cap. XII, Vers. 24 e 25. Esta é a epígrafe do prefácio do livro que foi escrito pelo próprio autor. Dependendo da publicação, obra extensa com 1600 páginas, que envolve analogias sobre conceitos morais da Russia czarista do século XIX, principalmente sobre materialismo, religião e nacionalismo. A célebre frase: Se Deus não existe, tudo é permitido?, está aqui em Irmãos Karamoóv..Freud fez estudos sobre a obra que estão no seu ensaio Dostoievski e o parricídio.
Crime e Castigo é um dos maiores romances da história da Literatura, cuja característica maior é a reprodução da angústia psicológica de um personagem que desde o início já sabemos ser um assassino. A trama envolve suspense e grande tensão, de profundidade psicológica única, passado na turbulenta Rússia czarista do século XIX.
O filho de Mil Homens – Valter Hugo Mãe
O filho de mil homens narra a história do pescador Crisóstomo, “um homem que chegou aos quarenta anos e assumiu a tristeza de não ter tido um filho”. Com vontade imensa de ser pai, o protagonista conhece o órfão Camilo, que um dia aparece em sua traineira.
O Jovem Törless – Robert Musil.. Descreve a vida de adolescentes em um internato alemão, onde a severidade do sistema
educacional conjuga-se à brutalidade do comportamento dos alunos.
Ed. Nova Fronteira
Fogo Morto – José Lins do Rego – Obra-prima de José Lins do Rego, esse romance regionalista mostra o declínio dos
engenhos de cana-de-açúcar nordestinos e traça amplo perfil das figuras decadentes que giravam em torno dessa
atividade econômica.
Escritas O trabalho de artesão do escritor:
- Continuidade do romance, contos e resenhas.
- Divulgação no Blog da produção literária
Técnicas
- Como elaborar uma resenha com análise literária
- Estruturação do Romance
- Foco Narrativo, tempo e espaço narrativos
Centenário de Marguerite Duras
CITAÇÕES DE MARGUERITE DURAS
Se não se passou pela obrigação absoluta de obedecer ao desejo do corpo, isto é, se não se passou pela paixão, nada se pode fazer na vida.
Muito cedo na vida é demasiado tarde.
Posso dizer o que quiser, nunca saberei o motivo pelo qual se escreve, nem como não se escreve.
XVIII – Jornada de Estudos
Lançamento livro da Oficina
Escrituras II – Traços da Oficina reúne textos dos escritores da Oficina de Criação Literária Clarice Lispector, os viageiros dos mares das palavras.
A Oficina foi criada em 2006, a partir de um grupo dedicado às leituras clariceanas, o que levou à nomeação de Clarice Lispector como estrela guia. Faz parte do Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise, associação de psicanalistas, cuja finalidade é promover e desenvolver estudos sobre a Teoria Psicanalítica e as Veredas Literárias, desde a perspectiva freud-lacaniana.
A Psicanálise, em sua origem, relaciona-se com a arte em bases profundas e fundamentais. A Literatura, em particular, se tornou o pilar de sustentação das teorias psicanalíticas, desde que Freud foi buscar suporte em Shakespeare e Sófocles para as suas primeiras formulações sobre o inconsciente e o complexo de Édipo.
Sem dúvida, a Literatura é o grande olho-d’água, lugar de jorro ininterrupto dos muitos saberes. As palavras guardam mistérios. É preciso tecê-las, abrindo portas para os seus significantes. Cada palavra é uma viagem, por isso estamos sempre nos lançando ao mar e nos chamando de viageiros. No leme, o binômio: leitura/escrita. Sempre.
Lourdes Rodrigues