Editorial
Veredas faz série a partir de um Um. Mas esse Um passou a ser contado dois, mesmo sendo o primeiro número. Veredas 1. Então o Um passou a ser um por ser o segundo. Do Um fez-se outro: um um. Houve a lembrança de já haver uma outra como zero chamada primeiramente TRAÇO. Então esse um do Um fez-se segundo a partir do Zero e esse zero marca cada um da série que se fez. Sendo o zero o todo do nada a advir em cada mais um, infinitizando, esperamos, a série, mesmo não eternizando nada, nem um nem outro.
Sexualizando a série, encontramos a procriação em sua raiz essencial, efeito de uma relação impossível: entre Um e Outro faz-se mais um. A procriação escapa a essa trama simbólica. Essa geração, na ordem simbólica, está coberta pelo que foi instaurado por essa sucessão. Há aí um Nada, o nada não explicado no simbólico. Isso quer dizer nada explica, no simbólico, o surgimento engendrado de um novo ser, ou seja, o de que um ser saia de um ser. A conclusão possível disso é que a existência singular de um sujeito é inapreensível na ordem do conjunto de todos os seus significantes, nada o representando de um significante a outro em seu surgimento como sujeito. Na verdade essa cadeia de significantes que o representa já o dá como morto na exata medida em que o imortaliza. Não está nisso, afinal de contas, algo do que Freud formulou? A repetição é exigida no ciclo da vida, em sua reprodução, estando já, desde sempre, marcada por seu fim.
Bem, daí que, enquanto isso, Sherezade gestava. E, para repetir o ciclo da vida nela criada, inventa histórias, uma, depois outra, mais uma, ainda outra, o necessário para o contingente de um outro ser vir a ser ainda impossível de, de si, dizer-se.
Que VEREDAS 11 gere até... Mil mais uma histórias de nossa história.
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